A categoria de deficiências conhecidas como distúrbios de movimento engloba condições que interferem no controle da movimentação corporal, sendo de origem neurológica, causadas por alterações de sistemas como os núcleos da base, córtex cerebral e cerebelo. Segundo o neurologista Dr. Flávio Sekeff Sallem, também as lesões periféricas, como traumatismos, lesões de nervos ou da medula, podem levar a alterações fisiológicas nos núcleos da base, favorecendo o aparecimento de distúrbios de movimento nesses outros casos.
As causas desses distúrbios são as mais variadas possíveis, podendo ser idiopáticas (sem causa definida, também chamadas de primárias), secundárias (por fatores ambientais, como acidentes, inflamações, infecções, uso de medicações, uso de drogas e outros), degenerativas (ocorrendo durante doenças que cursam com degeneração cerebral, como a doença de Parkinson), e genéticas. Alguns desses distúrbios também são classificados como doenças raras, aquelas que afetam até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos. As manifestações mais comuns dos distúrbios de movimento envolvem a presença de espasmos, tremores e movimentos involuntários, ou alterações na força, na sincronia, na precisão e na coordenação motora.
Assim como as demais condições humanas que são chamadas de deficiências, os distúrbios de movimento costumam ser permanentes, sendo seu tratamento destinado à amenização dos sintomas e à melhoria da qualidade de vida. Também chamados de discinesias, esses distúrbios são invisibilizados socialmente ao serem associados e confundidos frequentemente com outros tipos de deficiências ou condições psicológicas.
Existem relatos do conhecimento sobre discinesias desde tempos remotos, mas somente como registros de alterações físicas aparentes (como torção da musculatura, espasmos e tremores). Apenas com o avanço da Neurociência, nos séculos XX e XXI é que se obteve uma maior precisão do conhecimento acerca das causas neurológicas desses distúrbios, possibilitando o desenvolvimento de melhores tratamentos. Mesmo assim, há muito ainda o que se avançar nessa área.
A seguir, está uma pequena lista com os principais distúrbios de movimentos. O Dyskinesis pretende, futuramente, abordar cada um deles em detalhes, mas, por enquanto, essa é apenas uma listagem inicial, em ordem alfabética, a título de curiosidade.
Síndrome de Gilles de La Tourette
Síndrome de Steele-Richardson-Olszewski (Paralisia Supranuclear Progressiva)
Transtorno do Movimento Estereotipado
Existe uma pluralidade muito grande das possibilidades de manifestação das discinesias. Outras deficiências ou doenças, como as Escleroses, podem ter, como um dos sintomas, um distúrbio de movimento. Também, algumas dessas condições listadas acima podem ser a causa de outras, como por exemplo, a distonia e sua relação com a Disfonia Espasmódica (distúrbio nos músculos laríngeos que afeta a produção da voz). E dois ou mais desses distúrbios de movimento citados podem estar presentes em um mesmo indivíduo.
Aproveitando para esclarecer brevemente outro ponto que também, futuramente, ganhará uma postagem própria no Dyskinesis: o termo popular “Paralisia Cerebral” não foi incluído na lista acima por se tratar de uma expressão ultrapassada na literatura médica. Atualmente, a tendência é se considerar apenas as consequências de uma lesão cerebral, como a Espasticidade, a Distonia, a Atetose e a Ataxia com causas secundárias (no caso de distúrbios de movimento). O termo PC traz uma noção estereotipada e errônea dessas deficiências, o que será explicado com detalhes num texto mais à frente.
Acompanhe o Dyskinesis e fique por dentro do tema, com reportagens específicas sobre cada um dos distúrbios de movimento!
Por Ana Raquel Périco Mangili.
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