Na Coluna do Especialista de hoje, a psicóloga Michele Menegon explicará sobre um distúrbio de movimento, o Transtorno do Movimento Estereotipado. Esse tipo específico de discinesia pode aparecer em quadros emocionais de ansiedade e também junto com outros transtornos, como o Transtorno do Espectro Autista. É sobre esse último caso que Michele trata em seu texto, também falando sobre a importância da equoterapia para as pessoas com determinados graus de estereotipias.
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“Transtorno do Movimento Estereotipado
Dentre os distúrbios de movimento, podemos mencionar o transtorno do movimento estereotipado. É um comportamento repetitivo, muitas vezes intencional. É muito presente nos TIDs (Transtornos Invasivos do Desenvolvimento), como no caso do autismo, por exemplo.
O movimento Flap, que é aquele movimento onde a criança autista faz ao levantar os braços e balançar as mãos, é um movimento estereotipado. Para muitos autistas, principalmente os não-verbais, os movimentos estereotipados são uma maneira de se comunicar, seja quando estão alegres, tristes, bravos ou eufóricos. É importante salientar que o transtorno do movimento estereotipado não possui associação a outro transtorno psiquiátrico ou neurológico.
Sobre o autismo, é um grave erro dizer que o autista não percebe o mundo. Ele percebe muito mais do que imaginamos! A deterioração sensorial por ele sofrida faz com que uma grande carga lhe seja dada. Para os não-autistas, um simples vento pode não ser nada, mas, para os autistas, um simples vento pode ser o mesmo que um furacão. E a utilidade do movimento estereotipado é amenizar a sensação que o autista vivencia perante estas situações.
O movimento estereotipado é prejudicial quando traz problemas ao indivíduo. Um exemplo de movimento estereotipado que traz problemas é o de bater em si mesmo. Este tipo de movimento pode fazer com que o autista se machuque.
Através de algumas terapias alternativas, a pessoa pode ter as estereotipias amenizadas, a equoterapia é um exemplo. Estar em cima de um cavalo não é fácil, e ao estar ali o indivíduo deve ter limite, e o cavalo proporciona isso. Muitos dizem que o cavalo e o autista têm muito em comum: a fragilidade interna, o jeito de ser, a dificuldade para quebrar rotinas… Por isso que a maioria dos casos de pessoas autistas que realizam a equoterapia tem sucesso.
Infelizmente, a sociedade ainda não está preparada para lidar com pessoas que possuem estereotipias. Já presenciei alguns comentários, do tipo: “Credo!”, “Fulano é louco!”, “Fulano é mal educado!”. Cabe a nós, profissionais que trabalham com autistas, fazer com que uma boa parte da população possa obter a informação correta”.
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Psicóloga Michele Menegon
Formada em Psicologia. Pós-graduanda em Neuropsicopedagogia e em equoterapia. Com cursos na área de reabilitação de pessoas com deficiência e transtornos globais. Atua em clínica e em equoterapia.
* Conteúdo escrito e fotografia desta postagem cedidos por Michele Menegon.
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